sábado, 27 de agosto de 2016

É PROIBIDO SORRIR de Esther Lya Livonius


Coleção Viagens na Ficção 
Título: É Proibido Sorrir
Autora: Esther Lya Livonius
Editora: Chiado
Páginas: 212
Ano: 2016
Nota: 4/5

"Em um mundo onde homens lideram, o que você fará? O que fará quando está confinado a uma Política Vermelha, onde o mais simples ato de sorrir é completamente proibido?"

Há muito tempo, Baingani vive sob a rígida e injusta Política Vermelha, que é controlada pelos homens, impondo regras e torturas, e tirando a liberdade das mulheres. Mas há os que lutam pela igualdade e por uma sociedade livre. A Política Azul esconde túneis embaixo da Praça Vermelha, lugar onde ocorreu uma terrível guerra. Neles, há homens, mulheres e jovens que lutam por um futuro melhor. Os símbolos azuis que se encontram pela cidade são a certeza de que o povo ainda não desistiu de sua liberdade.



É Proibido Sorrir é um dos livros que recebi de parceria da escritora Esther Lya, no lançamento dele aqui na minha cidade (confira aqui o que eu escrevi sobre o evento). Fiquei muito feliz por fechar essa primeira parceria do blog, e aqui estou eu para compartilhar minha opinião sobre o livro.

Primeiro preciso dizer que a capa e o título são fantásticos. Simplesmente passam tudo o que o livro é, e esse clima angustiante de estar vivendo em uma sociedade onde as mulheres são proibidas de sorrir e a liberdade delas foi extinta, sendo vendidas e compradas pelos homens.




A diagramação do livro é muito boa, e apesar de parecer ter umas 250 páginas, ele tem apenas 212, pois suas folhas são grossas. Eu lia de dois à quatro capítulos por dia antes de dormir, então de certo modo as páginas passaram rápido. Comecei a ler para a minha mãe, e assim, debatemos sobre a história, às vezes indo para assuntos muito além do livro.

"(...) - Não se pode aprender nada de uma lição que não venha acompanhada da dor, já que não se pode conseguir nada sem um sacrifício. - disse Suzanne. - Lutem, Murex." - página 109

A história, para mim, foi um grito para a sociedade, talvez até um alerta. Considerei o gênero sendo distopia, com uma boa dose de feminismo. Eu não imaginava que o romance ganharia destaque, mas lá estava ele dando leveza entre os capítulos mais pesados. O enredo é bem original, diferente do que costumo ler. Foi bem trabalhado, repleto de detalhes como códigos e nomes, e tem até um pouco de mistério, o que me deixou bem empolgada. Ah, também tem um mapa para o leitor entender melhor o esquema dos túneis.

Fiquei muito angustiada com as torturas aplicadas na sociedade, pois infelizmente todas elas são reais. Ou de séculos atrás ou mesmo nos dias atuais em certos países. A Esther Lya nos contou no lançamento que não criou as torturas, mas pesquisou e as colocou na história.



A escrita da Esther Lya é bem fluida, com cenas bem descritas, momentos tensos, marcantes, que me deixaram interessada, chocada e envolvida.

Não me apeguei tanto assim aos personagens, e olha que são muitos. Eu gostei sim deles, de um modo geral (um certo personagem que eu queira muito que morresse me surpreendeu nas últimas páginas). Alguns tem profundidade e me chamaram mais a atenção. A trama faz todos eles se encontrarem, e isso foi um ponto muito positivo para mim como leitora. Eu torci muito pela liberdade deles e para serem felizes. E claro, shippei casais, porque sim.

Sobre algumas mortes, meu Senhor, o que foi aquilo? Algumas me pegaram de surpresa, mas acho que o que mais me deixou abalada, foi desconfiar de que certos personagens iriam morrer, e ficar com o coração apertado e de boca aberta quando as cenas aconteciam. E uma delas foi muito triste e também muito linda. Mas foram personagens fortes, bem construídos e foi legal acompanhar o crescimento de cada um, pois há passagens de tempo na história.



Houve certas coisas que me incomodaram durante a leitura. Acredito que o livro tenha pecado na revisão, mas de maneira alguma isso significa que a história ou a escrita foram ruins. Longe disso. Só acho que o texto poderia ter sido melhor revisado. Por exemplo: a repetição de palavras na mesma frase, podendo ser substituídas por sinônimos. A constante escolha da expressão "engoliu em seco", sendo usada para vários personagens. Confesso que me irritou um pouco. 

Enfim, foi uma experiência única ler É Proibido Sorrir. A história é pesada, por conta das mortes, das mulheres sendo costuradas, da triste realidade delas, da opressão por parte da Política Vermelha. Mas também fala sobre esperança, liberdade, respeito, lealdade, amor.

"O comprido canteiro com flores azuladas, mas puxadas para o roxo, permaneciam inteiras. O nome da planta fazia jus a tudo que ela presenciou naquele lugar: Flor-da-esperança.
Esperança era o que fortalecia as pessoas naquele esconderijo." - página 64

Abraços e até a próxima!

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